Fossem dias antigos, reclamaria eu somente da vida, mas que sei eu das coisas? Não sei nada, definitivamente. Eu achei que tivesse uma conexão com o cosmos. Não tenho. Tremenda sacanagem, pois eu cresci acreditando piamente nisso. Eu tinha um jeito todo particular de olhar as estrelas, sentir os cheiros, esperar o tempo passar, deitar no céu, voar no chão. Eu tinha toda uma intimidade com esse tudo que nos cobre e preenche, eu falava com o tudo. Porque, de uma forma ou de outra, o mundo não é para os fracos e as vezes, juntar-se ao mundo é melhor que querer enfrentá-lo.
O todo lugar abriga uma possibilidade premiada de encontrarmos um desvio meio que inesperado que nos levará até não-sei-onde. Porque a gente pode tudo, e as multidimensões quânticas se desdobram diante e adiante do todo. Mostram-nos o quanto somos idiotas, numa certa medida, e em todas as medidas possíveis por não tentarmos o tudo. Somos idiotas porque não aproveitamos nossas possibilidades possíveis, nem caçamos possibilidades (quase) impossíveis.Então somos possibilidades redundantes, e sempre no meio delas encontra-se uma improvável -mas possível- possibilidade de sermos felizes. É preciso ver mais que os olhos, andar mais que as pernas, abraçar mais que só os braços. É imprescindível viver mais do que a vida e precisar mais do que eu preciso. Sinceramente, precisar não precisa, mas a gente quer que precise mesmo assim.
Que sorrisos não lhe faltem, assim como a antiga forma de olhar e ouvir estrelas, meu bem.